sexta-feira, 22 de julho de 2016

Direito do Entretenimento - Escândalo Petrobras: Auditoria questiona gastos com ingressos de camarotes no Carnaval



Além dos gastos com o Tripodão, da cantora Viviane Tripodi, filha de um ex-funcionário da companhia, uma auditoria interna da Petrobras revelou que a companhia utilizou R$ 1,15 milhão com ingressos para camarotes no Carnaval de Salvador entre 2011 e 2013. 

Segundo informações do jornal O Globo, cinco empresas foram contratadas para conseguir os ingressos para os camarotes. Os auditores questionaram a distribuição dos ingressos, já que a justificativa para os gastos foi uma “ação de relacionamento com o público de interesse da Petrobras”. 

Entre os beneficiados com os ingressos está o filho do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, Gabriel Mendes, que recebeu 52 ingressos entre 2011 e 2013. “Meu filho participou do carnaval, mas não acredito que tenham sido tantos ingressos. Provavelmente estão sendo computados vários dias e várias pessoas”, disse Gabrielli a O Globo. Outros políticos baianos foram beneficiados: O deputado estadual Rosemberg Pinto (PT) foi quem mais recebeu ingressos: foram 118 ingressos nos anos de 2009, 2011 e 2013. Nestes mesmos anos, o atual secretário de Turismo do estado, Nelson Pellegrino recebeu 40 entradas. A filha dele, Bianca, recebeu quatro ingressos em 2013. Procurados por O Globo, Rosemberg e Pellegrino não responderam. O deputado estadual Jânio Natal (PTN) teria recebido 72 entradas somente em 2011 -- ele afirmou ter pedido as cortesias, mas diz não se lembrar de quantas recebeu. “Se recebi, foram para políticos e pessoas ligadas ao governo, até pessoas da própria empresa. Se foram 20, 15, 50, 72, eu não me lembro”, afirmou. O chefe do escritório de representação do governo da Bahia em Brasília, Jonas Paulo, recebeu 42 ingressos em três anos. Ele nega, porém, ser essa a quantidade. “Queria eu ter recebido”, disse. Assessor especial da Presidência da República na gestão Dilma Rousseff, Anderson Dornelles recebeu 36 ingressos para camarotes em 2013, o que totalizaria, segundo a auditoria, um custo de R$ 15 mil. 

O Tripodão volta a aparecer nesta apuração. O responsável pela contratação das empresas e distribuição das entradas, Darcles Andrade de Oliveira, que é ex-gerente de Comunicação da estatal para o Nordeste, ficou com 1.045 entradas em três anos. Outras 1.267 foram distribuídas para outros funcionários da companhia, sendo 254 destinadas para Armando Tripodi, o primo do dono do trio. 

A investigação da auditoria foi realizada após O Globo publicar reportagem em 2014, revelando que Darcles era dono de dois postos contratados por prefeituras baianas e atuava, simultaneamente, pelo direcionamento de verbas da estatal para elas. A partir daí, a petrolífera decidiu então fazer um pente-fino na gestão de Darcles, que resultaram nos relatórios atuais. Ao todo, 12 “não-conformidades” foram encontradas. 

A auditoria questionou a interferência indevida na concessão de patrocínios, pagamentos sem a comprovação de serviços, concentração de contratos para um grupo restrito de empresas, entre outras irregularidades. Darcles não foi localizado para comentar. 

Em nota, a Petrobras afirmou que “suspendeu a compra de convites e outras formas de participação no carnaval da Bahia, mantendo apenas apoio aos blocos afro” e que decidiu centralizar em sua matriz “a exigência de contrapartida em ingressos em seus patrocínios e todas as contratações da área de comunicação”. As apurações estão previstas para serem concluídas em agosto. “A Petrobras tomará todas as medidas legais para buscar o ressarcimento de danos, além de encaminhar esse material aos órgãos de investigação competentes para futuras ações na Justiça”, diz o comunicado.

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